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O ouro é formado com a colisão de duas estrelas de nêutrons

A imagem representa a colisão de duas estrelas de nêutrons.

Na tabela periódica há uma imensa diversidade atômica. Nela você encontra 118 elementos químicos catalogados, que são a composição básica de toda a matéria que podemos ver ao nosso redor. Mas você já parou pra pensar em como são formados esses átomos que compõem a nossa tabela periódica?
Há muito se sabe que os átomos de hidrogênio, hélio e lítio se formaram naturalmente após o Big Bang. Com o resfriamento da temperatura do Universo, os quarks puderam se juntar para formar os prótons e nêutrons, que por sua vez também se agregaram através da interação forte, para compor o que viria a ser um primeiro núcleo atômico. Por serem os elementos mais leves da tabela periódica as forças fundamentais foram suficientes para agregar as partículas fundamentais -elétrons e quarks- e formar esses elementos químicos.
Já os elementos mais pesados que o lítio na tabela periódica se formam de uma maneira um pouco mais sofisticada: nos núcleos estelares. O ato de forjar elementos químicos nos núcleos das estrelas, é chamado de nucleossíntese, uma consequência do processo de Fusão Nuclear e ocorre da seguinte maneira: os átomos de hidrogênio, devido ao forte campo gravitacional existente nas estrelas, colidem e se fundem formando núcleos de hélio. Posteriormente, o hélio colidindo com o hidrogênio e outros núcleos de hélio, vai dando origem aos elementos mais pesados. Essas reações continuam, até que o núcleo de ferro é formado. A partir do Ferro, não ocorre mais fusão na estrela pois o processo passa a ser energeticamente desfavorável. Quando a estrela queima todo o seu "combustível" se torna uma supernova e libera esses elementos no espaço. Acredita-se que as primeiras estrelas do Universo eram muito “massivas”, da ordem de centenas de vezes a massa do nosso Sol. Com massas tão grandes, o tempo de "vida" dessas estrelas era muito curto (da ordem de milhões de anos) e rapidamente consumiam todo o seu combustível, e isso levava ao seu óbito. As que explodiram como supernovas, espalharam todos os metais que produziram em seu núcleo durante a vida.


Mas ao contrário de elementos mais comuns, como carbono ou ferro, o ouro não é criado através da nucleossíntese. Para isso, são necessários eventos muito mais catastróficos, como a colisão de duas estrelas de nêutrons. No caso registrado pelo Telescópio Espacial Hubble, duas estrelas de nêutrons - estrelas remanescentes de duas estrelas que explodiram como supernova - colidiram, o que levou a uma explosão de raios gama. Diversos elementos foram produzidos, entre eles o ouro e a platina. 
Ao estudar a explosão de raios gama nomeada com a sigla GRB 130603B, Edo Berger e dois de seus colegas, viram algo atípico. Nos momentos que se seguiram à explosão, ocorrida 3,9 bilhões de anos-luz de distância da Terra, a região onde o evento ocorreu passou a emitir um tipo de luz infravermelha associada ao decaimento de átomos radiativos. O espectro daquela luminosidade era o de núcleos dos elementos pesados emitindo nêutrons e revelando sua presença. A descoberta foi feita graças ao telescópio Hubble, que foi apontado para a zona da explosão. A emissão de raios gama em si, durou apenas 0,2 segundo. 
"Nós estimamos que a quantidade de ouro produzida e ejetada durante a colisão das duas estrelas de nêutrons foi equivalente a 10 massas lunares", diz o autor principal do artigo do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (EUA).


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